A influência do impacto da
tecnologia sobre a família é inegável e tem surpreendido não apenas no
comportamento familiar, como nos índices de consumo. No mercado editorial, por
exemplo, nove milhões de brasileiros já lêem livros digitais. De acordo com a
Câmara Brasileira do Livro, há cerca de dez mil títulos em formato digital
atualmente no Brasil. Em 2012, grandes livrarias virtuais chegaram ao país,
como Amazon, Google Play e a iBookstore, da Apple.
Entre variadas constatações e
mudanças de cenários sociais, cresce também a necessidade de alertas que
sinalizam certos perigos que chegam junto com essa overdose tecnológica. Novas
terminologias e linguagens vão desenhando um novo formato de comunicação. E a
realidade é óbvia: todos estão conectados.
A “Geração Facebook” sinaliza uma
reconfiguração de comportamento. Muitos adolescentes usam o celular quase como
uma extensão do próprio corpo e não falta público que utilize o smartphone como
uma espécie de prótese. Por todos os lugares, uma avalanche de informações sobrecarrega adolescentes, sempre agarrados aos seus celulares. Ninguém mais conversa. Eles se
comunicam via SMS, revelando uma atitude que revela uma “presença ausente”,
quando quem parece estar no local, na verdade, não está. Outra referência,
também embutida no Facebook, revela que em datas especiais, as pessoas preferem
mandar mensagens do que telefonar. Se antes alguém deixava de visitar um
amigo enlutado e preferia telefonar, hoje o telefonema foi substituído pelos
torpedos ou pelos comentários nas redes sociais. Conclusão: aniversários são parabenizados virtualmente.
No Youtube, outra preocupação
ronda a mente de muitos pais, quando vêem seus filhos envolvidos nos conhecidos
“Desafios”. Divulgado no canal de
vídeos, uma infinidade de opções causa um misto de comédia e pavor. O “Desafio
da canela”, por exemplo, é feito por centenas de adolescentes que experimentam
uma colherada de canela em pó e passam mal depois da ingestão. Outras
experiências estão na lista dessas brincadeiras e, na maioria das vezes, muitos
familiares mal sabem que isso acontece.
A tecnologia também possibilitou
outra espécie de alerta: o cyberbullying, um fenômeno descontrolado na grande
rede. Um rapaz de 15 anos foi vítima de humilhação, apenas porque tinha dislexia, um distúrbio
que afeta a área da leitura, escrita
e soletração. “Três ex-colegas me perseguiam com piadas. Meus pais iam dar
queixa, mas acabei revidando com uma campanha contra a ignorância na escola,
explicando o que era a dislexia”, ele escreveu.
No Facebook, outra armadilha é desconhecida por muitos. Trata-se do aplicativo
gratuito que promete resolver uma questão de forma discreta: alguém sente
atração sexual por um amigo, mas não sabe se é correspondido e tem medo de
tomar um fora. Usando o Bang With Friends, que já atraiu 160 mil usuários
apenas 11 dias após seu lançamento, um usuário recebe o sinal se pode ser
ousado ou não.
A tecnologia tem vantagens e
desvantagens. No meio de tantas oportunidades para o bem ou para o mal, é
imprescindível que a família se aproxime de seu filhos a fim de perceber
potencialidades ou ameaças e procure saber que espaço as tecnologias ocupam no
cotidiano de casa. Outro questionamento é sobre os motivos que tem levado
filhos ou casais a utilizarem as tecnologias em excesso. Afinal ,
os pais têm mesmo interesse nos games que os filhos jogam, conhecem o conteúdo
que eles acessam na Internet ou quem são as pessoas com quem eles se relacionam
nas redes sociais?
Acredito que seria ótimo se pais se especializassem em gestão de riscos na família. Poderiam buscar conversar com outros pais sobre o uso das tecnologias em casa e saber,
por exemplo, quais os interesses do filho além do mundo virtual. Será que possui relacionamentos importantes além do espaço virtual? Essa e outras
perguntas podem demonstrar se a pessoa é um viciado em Internet e que limites
devem ser negociados com a família.
Que tal instalar o programa Spy para monitorar, de forma imperceptível, tudo o que os filhos fazem
no computador? E se muitos já fizeram campanhas ou jejuns de televisão, por
exemplo, vale a pergunta final: quem é capaz de passar um dia inteiro sem
conexão com a Internet ou sem um celular? (muitos risos)
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